Purussaurus brasiliensis – o maior jacaré que já existiu
O jacaré pré-histórico brasileiro possuía força e tamanho descomunal. A mordida do purussaurus brasiliensis era duas vezes mais forte que a do Tiranossauro Rex e vinte vezes mais forte que a do tubarão branco moderno. Estava no topo da cadeia alimentar, no período Mioceno, e era considerado o rei do pântano amazônico. Vamos conhecer um pouco desse gigante colossal? Aproveite a leitura e divirta-se!
![Purussaurus](https://protoanimal.com.br/wp-content/uploads/2023/03/proto-animal-brasil-Purussaurus-brasiliensis-–-o-maior-jacare-que-ja-existiu-5.jpg)
Descoberta do Purussaurus brasiliensis
O primeiro fóssil do super jacaré foi encontrado em 1892, nas margens do Rio Purus, na Amazônia, e classificado como crocodilo pelo então responsável do Museu de Botânica da Amazônia (hoje, inexistente), João Barbosa Rodrigues. Extinto há 8 milhões de anos, ele ficaria conhecido como o maior crocodilomorfo que viveu em nosso planeta em qualquer tempo.
Durante muitas décadas, o enorme réptil ficou no esquecimento dos estudiosos. Porém, em 2015, novos estudos começaram a ser publicados sobre o animal, tirando-o do esquecimento da ciência. Mais recentemente, em 2021, um novo artigo científico sobre a espécie, fazendo cruzamentos de informações com outros estudos, foi publicado e reforçou tudo que já havia sido comprovado. O Purussaurus brasiliensis, também conhecido como lagarto do Rio Purus, é mesmo o maior crocodilo já registrado do mundo.
Novos fósseis foram encontrados recentemente na divisa do Acre com o Amazonas, próximo às águas do Rio Purus, (que percorre o Acre, Amazônia e Peru), incluindo mandíbula e parte do crânio.
O material fóssil mais completo que existe sobre o Purussaurus brasiliensis é um crânio com mandíbula completa e estão na Universidade Federal do Acre. Mesmo que o material fóssil recuperado seja substancial, a espécie pode ainda ser considerada pouco compreendida.
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Características do Purussaurus brasiliensis
Para deixarmos bem claro de quem estamos falando, é preciso mencionar que existem três tipos de purussaurus:
- Purussaurus neivensis;
- Purussaurus mirandai;
- Purussaurus brasiliensis – sendo este, o maior de todos e o tema do nosso artigo.
Em uma luta entre o Tiranossauro Rex e o Purussaurus brasiliensis, o T-Rex, com certeza, sairia perdendo. Luta essa que não seria possível acontecer, uma vez que o jacaré gigante viveu 50 milhões de anos depois do T-Rex ter sido extinto. Mas mesmo assim, é interessante imaginar, não é mesmo?
![Purussaurus](https://protoanimal.com.br/wp-content/uploads/2023/03/proto-animal-brasil-Purussaurus-brasiliensis-–-o-maior-jacare-que-ja-existiu-2.jpg)
Somente o crânio deste animal mede mais de um metro e meio e o tamanho total do seu corpo pode passar de 12 metros de comprimento. Pesando mais de 8 toneladas, não existe e nem nunca existiu um jacaré maior do que este. A anatomia do seu crânio robusto, curto e largo e com grandes narinas muito provavelmente, segundo estudiosos, era o responsável pela poderosa mordida que o animal possuía. Estima-se que era capaz de alcançar 7 toneladas de força.
![PURUSSAURUS](https://protoanimal.com.br/wp-content/uploads/2023/03/proto-animal-brasil-Purussaurus-brasiliensis-–-o-maior-jacare-que-ja-existiu-1.jpg)
Alimentação
Um superpredador com tamanha força bruta e robustez, com certeza não comia pouco. Estudos afirmam que o purussaurus brasiliensis ingeria em torno de 40 kg de comida diariamente. Isso é, no mínimo, 15 vezes a quantidade de comida que um jacaré atual consome por dia.
Devido a força de sua mordida, ele ocupava o topo da cadeia alimentar de sua época, podendo atacar presas muito maiores que ele. Acredita-se que a dieta do super jacaré se baseava em toda a fauna que ele pudesse alcançar e com quem compartilhava seu habitat. Desde preguiças-gigantes, tartarugas-gigantes, aves, peixes e roedores da época.
O período do Mioceno foi marcado pela existência de grandes mamíferos na região amazônica e o tamanho de suas presas não era problema algum para este jacaré colossal. Como seus parentes modernos, ele provavelmente arrastava sua presa para baixo d’água, a afogava e depois comia seus pedaços, que arrancava com um giro, sem mastigar.
Habitat e extinção
O mega jacaré habitava pântanos e rios da floresta amazônica e territórios ao norte da América do Sul. Compartilhava seu habitat com outros animais, que serviam como alimentação. Uma de suas vizinhas, a preguiça-gigante, podia chegar a um tamanho de cinco metros, o que dava uma bela refeição ao purussaurus brasiliensis.
Com tantas vantagens, podia parecer improvável a extinção deste enorme predador, porém, ele não foi páreo para as montanhas. Isso mesmo, a extinção do Purussaurus brasiliensis foi devido a um fenômeno geológico: o surgimento da Cordilheira dos Andes.
Na época final do Mioceno, período em que viveram os purussaurus, o território que eles habitavam, era basicamente formado por terras alagadas, o que era bastante propício para o gênero de jacarés gigantes. Contudo, seu tamanho foi, ao mesmo tempo, sua vantagem e também sua vulnerabilidade. O ambiente geológico neste período estava em constante mudança e em grande escala. Quando os pântanos começaram a dar lugar aos sistemas de rios, o purussaurus viu seu habitat diminuir em muito de tamanho, afetando igualmente suas presas e sua alimentação. E quando, por fim, ocorreu a mais dramática das mudanças geológicas da época, a elevação das montanhas andinas, o grande predador se viu derrotado.
Muitos animais menores conseguiram se adaptar e sobreviver no espaço disponível menor, entretanto, os grandes predadores, como os purussaurus, não tiveram essa sorte.
![Purussaurus](https://protoanimal.com.br/wp-content/uploads/2023/03/proto-animal-brasil-Purussaurus-brasiliensis-–-o-maior-jacare-que-ja-existiu.jpg)
Conclusão
Um dos autores do estudo publicado em 2015, Tito Aureliano, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) afirmou para a BBC News: “A constante subida dos Andes e a mudança do sistema amazônico de pântanos para os sistemas de rios que temos hoje reduziu muito a área para esses animais gigantes viverem. Ao reduzir também o número de presas, causou rapidamente a extinção dos superjacarés amazônicos. É uma lição para nós de que nem sempre é necessário um meteoro para causar a extinção de um grupo bem sucedido de espécies”