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Conheça os exóticos animais de Madagascar

Madagascar é a quarta maior ilha do mundo, localizada na costa leste da África e é o lar de uma biodiversidade única. Com mais de 580 mil km², a ilha abrange desde florestas tropicais úmidas até desertos secos, além de montanhas e savanas. Com essa variedade de habitats, não é surpresa que Madagascar abrigue uma imensa quantidade de animais, muitos dos quais são endêmicos, ou seja, não são encontrados naturalmente em nenhum outro lugar do mundo. Os animais de Madagascar são fascinantes e oferecem aos especialistas uma oportunidade única para o estudo da evolução, conservação das espécies e da ecologia como um todo.

Neste artigo, vamos conhecer um pouco mais sobre cinco dos animais mais incríveis de Madagascar, suas características e comportamentos, além das ameaças que enfrentam em seu habitat. Aproveite a leitura e divirta-se explorando a rica fauna dessa região incrível, que faz parte do continente africano e está cercada pelo Oceano Índico. Madagascar também é conhecida por ser o cenário do famoso filme de animação.

Além dos animais, Madagascar também abriga uma grande variedade de plantas e criaturas únicas. A ilha é um verdadeiro tesouro de biodiversidade, tanto para os seres humanos quanto para o planeta como um todo.

animais da ilha de madagascar
Lêmures-de-cauda-anelada – Imagem: Photo Safari Expedições

Lêmure-de-cauda-anelada (Lemur catta)

Se você já assistiu o filme de animação Madagascar com certeza vai lembrar do Rei Julien, um dos personagens mais divertidos e engraçados do filme. Mas por que estamos falando dele? Porque o personagem Rei Julien era um lêmure!

Os lêmures são um grupo de primatas endêmicos da ilha de Madagascar, ou seja, só podem ser encontrados vivendo na natureza neste lugar. Eles pertencem à família Lemuridae e são conhecidos por sua aparência única, com grandes olhos arredondados, focinho longo e uma comprida cauda peluda. Os números variam, mas estima-se que existam mais de 100 espécies de lêmures na ilha, sendo que, no mínimo, 3 já foram extintas por ações antrópicas, ou seja, por atividades humanas, como exploração de recursos naturais, caça ilegal, poluição, entre outros. 

Devido ao grande número desses primatas, seus hábitos alimentares e tamanhos variam. Eles podem ser herbívoros, frugívoros ou insetívoros e são conhecidos por serem animais sociais, vivendo em grupos familiares que variam em tamanho de 2 a mais de 30 indivíduos. Infelizmente, muitas espécies de lêmures estão ameaçadas de extinção devido à destruição do habitat e à caça ilegal.

O lêmure-de-cauda-anelada (Lemur catta) pode ser reconhecido facilmente devido a sua longa cauda peluda cheia de anéis preto e branco. Seu rostinho é esbranquiçado, com grandes olhos curiosos e nariz preto. No restante do corpo, a pelagem é cinza. É um animal bastante agitado, gosta de pular de galho em galho, vive em grupos sociais de 20 a 30 indivíduos, e o grupo é sempre liderado por uma fêmea. Sua alimentação é baseada em frutas, flores e folhas, mas pode também comer alguns insetos e pequenos vertebrados.

Infelizmente, está classificado como vulnerável devido a perda de seu habitat para a agricultura e extração de madeira e à caça ilegal.

Fossa – Imagem: Encyclopedia of Life

Fossas

Outra das muitas espécies únicas e exclusivas da ilha, que evoluíram isoladamente de outras espécies em outras partes do mundo, são as fossas. A fossa (Cryptoprocta ferox), é um animal carnívoro e o maior predador terrestre de Madagascar. Medindo cerca de 1,5 metros de comprimento, incluindo a cauda, e um peso médio de 8 a 9 kg, possui uma pelagem curta e marrom-avermelhada, e sua cauda é longa e peluda. As fossas são animais ágeis e podem escalar árvores com facilidade, além de serem bons nadadores.

São considerados animais solitários e territorialistas, têm hábitos principalmente noturnos, quando saem para caçar suas presas, que incluem uma ampla variedade de animais, como outros mamíferos, répteis, aves e lêmures. Caçadoras habilidosas, perseguem com grande velocidade e agilidade suas presas, podendo até mesmo capturar os primatas nas copas das árvores.

Fossa – Imagem: IMGUR

Elas estão no topo da cadeia alimentar e desempenham um papel crucial no equilíbrio do ecossistema de animais da ilha de Madagascar: as fossas são responsáveis por fazer o controle populacional de outras espécies. Infelizmente, este predador carnívoro está ameaçado de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Com pouco mais de 2500 indivíduos espalhados pela ilha, a caça ilegal é o seu maior perigo, uma vez que são bastante perseguidas devido a sua carne e pele. A diminuição do seu habitat em virtude do desmatamento para agricultura e extração de madeira também contribuem para sua vulnerabilidade frente a extinção de sua espécie. 

Lagartixa-satânica-cauda-de-folha (Uroplatus phantasticus)

Essa lagartixa diferentona é outra espécie dos animais da ilha de Madagascar que são encontrados na natureza somente lá, ou seja, são endêmicos da ilha. Conhecida por sua aparência única e pela incrível capacidade de camuflagem, graças a sua pele texturizada e sua cor que imita perfeitamente o ambiente natural em que vive, parecendo uma folha seca ou um galho de árvore. As lagartixas-satânicas-cauda-de-folha têm cerca de 8 centímetros de comprimento e são noturnas, alimentando-se principalmente de insetos.

A expectativa de vida da lagartixa-satânica-cauda-de-folha em seu habitat natural é desconhecida, mas em cativeiro, dependendo dos cuidados que recebe, pode chegar a cerca de 10 anos. Infelizmente esta pequena notável está ameaçada de extinção devido a perda de seu habitat e principalmente pela caça ilegal. Ela é uma das espécies de lagartixas mais visadas para o comércio de animais de estimação exóticos. 

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Camaleão-pantera – Imagem: Terraristik

Camaleão-pantera (Furcifer pardalis)

O camaleão-pantera é encontrado por toda a ilha de Madagascar e seus padrões de cor variam de acordo com sua localização geográfica. Endêmicos da ilha, podem chegar a medir até 60 centímetros de comprimento, sendo as fêmeas ligeiramente menores.

Dono de uma das técnicas de camuflagem mais impressionantes que existe, a pele do camaleão-pantera é coberta por células chamadas cromatóforos, que são capazes de mudar de cor. Essas células contêm pigmentos de diferentes cores, como amarelo, verde, vermelho, e marrom, e quando elas se expandem ou contraem, os pigmentos mudam de posição, criando padrões complexos que se misturam ao ambiente ao redor. Além de mudar de cor, o camaleão-pantera também consegue alterar a textura de sua pele, utilizando-se de projeções ósseas, chamadas de tubérculos, que se estendem a partir de sua pele. Esses tubérculos são compostos de ossos e músculos especiais que ele controla para criar saliências e protuberâncias, criando efeitos de sombra ao se esconder atrás de alguma folha ou galho. O camaleão-pantera também usa dessas projeções ósseas para simular a textura de diferentes superfícies, como cascas de árvores ou folhas, o que o ajuda a se tornar quase invisível para seus predadores ou presas em potencial.

Diferente de seus outros colegas citados anteriormente, felizmente, o camaleão-pantera não está em risco. Ele está classificado como ”Menos Preocupante” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

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Raposa voadora de Madagascar – Imagem: iNaturalistNZ

Raposa voadora de Madagascar (Pteropus rufus)

A raposa voadora de Madagascar (Pteropus rufus) é um dos maiores morcegos do mundo e endêmica da ilha. Possui uma envergadura que pode chegar a incríveis 1,5 metros de comprimento e pode alcançar o peso de até 750 gramas. A parte de seu nome “rufus” é devido a sua pelagem de cor vermelha alaranjada e também é conhecida como morcego-raposa-vermelha.

São animais de alimentação frugívora, ou seja, se alimentam principalmente de frutas. Justamente por isso, são conhecidos por serem uma espécie importante de polinizadores da floresta, pois espalham as sementes das frutas que comem. Devido a isso, são muito importantes para a biodiversidade da ilha.

Seu habitat é nas florestas úmidas da ilha de Madagascar e também nas ilhas próximas, como as Ilhas Comores. De hábitos noturnos, durante o dia, ficam descansando pendurados em galhos de grandes árvores, sempre em locais afastados, em colônias imensas de até 1000 indivíduos. 

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Raposa voadora de Madagascar – Imagem: iNaturalistNZ

Infelizmente, este é outro dos animais da ilha de Madagascar que está ameaçado de extinção e classificado como vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Alguns motivos para isso são a perda de seus habitats devido a agricultura e extração de madeira e também devido à caça. A raposa voadora de Madagascar é caçada por moradores locais para consumo humano de sua carne e sua pele usada para fazer tambores. Eles ainda são considerados como uma praga agrícola pela comunidade local devido aos estragos que causam nas plantações de frutas e outras culturas alimentares.

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A ilha de Madagascar e a importância de sua biodiversidade para o mundo

A Ilha de Madagascar é uma das áreas mais biodiversas do mundo e possui uma grande importância para a conservação da vida selvagem global. A ilha tem uma história geológica única, tendo se separado do continente africano há cerca de 160 milhões de anos, o que levou ao desenvolvimento de uma fauna e flora única: Mais de 90% das espécies existentes em Madagascar, tanto de plantas quanto de animais são endêmicas, não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo. E algumas nem se desenvolveriam em outro lugar senão lá.

Hoje, toda essa maravilha da natureza que representa a ilha de Madagascar e sua biodiversidade está ameaçada por ações antrópicas, ou seja, de natureza humana. A degradação florestal devido a agricultura, extração de madeira e mineração juntamente com a caça e a pesca ilegal e predatória estão colocando em risco milhões de anos de desenvolvimente natural desse riquíssimo ambiente. Outro fator que ameaça a biodiversidade da região são as espécies invasoras, animais por vezes sem predadores naturais da ilha que são introduzidos por humanos no local.

Hotspot de biodiversidade

Você já ouviu falar em hotspots de biodiversidade? O termo hotspot, algo parecido com ponto crítico, em português, se refere a locais cuja biodiversidade seja riquíssima e ao mesmo tempo ameaçada de extinção. Esse termo foi cunhado por um dos cientistas ambientais mais importantes do mundo, o britânico Norman Myers e surgiu devido a um problema recorrente aos ecologistas: como definir quais áreas do planeta são mais urgentes as ações de preservação? Para resolver a questão, em 1988, Myers elaborou o conceito de hotspots de biodiversidade: áreas com no mínimo 1500 espécies endêmicas (que só vivem lá) e que já perderam ¾ de sua vegetação natural original.

Hoje em dia existem 36 hotspots de biodiversidade no mundo inteiro e a ilha de Madagascar é uma delas. A biodiversidade da ilha, seus animais e sua vegetação original, são capazes de fornecer recursos valiosos para estudos no ramo da medicina e agricultura.

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Parque Nacional Tsingy de Bemaraha – Os tsingys são planaltos cársticos onde as águas subterrâneas cortaram os planaltos elevados, escavando cavernas e fissuras no calcário. Devido às condições locais, a erosão é padronizada verticalmente e horizontalmente. – Imagem: Mdig

Ações de preservação

Atualmente, existem algumas ações de proteção da biodiversidade que estão sendo realizadas na Ilha, tanto pelo governo quanto por organizações não governamentais (ONGs) e comunidades locais. Algumas das espécies mais ameaçadas de Madagascar, como o lêmure-de-cauda-anelada, estão recebendo proteção especial de organizações como a Wildlife Conservation Society e a Madagascar Fauna and Flora Group. Essas organizações trabalham em programas de reprodução em cativeiro, proteção de habitats e educação ambiental.

O governo também tem se empenhado na criação de áreas protegidas. Atualmente, existem 43 dessas áreas espalhadas pela ilha, sendo 22 delas classificadas como parques nacionais, como por exemplo, o Parque Nacional de Ranomafana, o Parque Nacional de Andasibe-Mantadia, o Parque Nacional de Isalo e o Parque Nacional de Masoala.

Ainda há muito a ser feito, mas essas ações já são um início promissor para garantir a proteção da biodiversidade fenomenal desta ilha.