Pepino-do-mar e seu glorioso cocô que ultrapassa a massa de cinco torres Eiffel
O fundo do mar é agraciado por invertebrados marinhos. Essas criaturas geralmente têm um formato alongado e parecem como um pepino gordinho, conhecidos como pepinos-do-mar. Esses organismos pertencem ao grupo de animais, equinodermos. Seus pezinhos são como minúsculos tentáculos em formas de tubo e eles estão presentes em toda a vida marinha ao redor do mundo. Essas criaturas são bentônicas, vivem no fundo do mar e possuem larvas planctônicas. Ah, e ainda flutuam com as correntes oceânicas.
Mesmo com esse nome, não se engane, eles não são nada refrescantes. Ao invés disso, eles são famosos por seus gloriosos cocôs e dizem que excretam 64.000 toneladas métricas coletivamente, ou seja, excedem 70.000 toneladas a cada ano. Os pepinos-do-mar excretam cocôs arenosos e borbulhantes em espiral.
Um estudo publicado no The coral reef journal afirma que o número exibido acima é subestimado. Surpreendentemente, esse montão de cocô é encontrado em um único recife de coral, então, você consegue imaginar a quantidade de cocô de pepinos-do-mar em todo o mundo?
O surpreendente fato sobre o cocô
O estudo foi conduzido em pepinos-do-mar existentes no recife de Heron Island. Essa ilha está localizada ao sul da Grande Barreira de Coral da Austrália e tem 19 quilômetros quadrados de comprimento com uma lagoa central.
A pesquisa foi feita pela filmagem das planícies da beira da lagoa, onde estão as faixas rasas de coral. Para isso, drones foram usados, e a equipe estudou os vídeos coletados dos pepinos-do-mar. Sendo assim, os cientistas levantaram a hipótese do número de pepinos-do-mar, que ultrapassa os 3 milhões em toda a Heron Island.
Além disso, os cientistas estudaram o Holothuria atra (em inglês “black sea cucumber”) em seus laboratórios alimentando-os. Nesta sonda alimentar, um único pepino-do-mar defecou cerca de 38 gramas de fezes por dia. Dessa maneira, concluiu-se que seriam produzidos 14 quilogramas de cocô a cada ano.
Os autores da publicação, declararam que coletivamente essas criaturinhas rechonchudas defecam acima do peso de cinco torres Eiffel. Então, esses 3 milhões ao todo produzem muito mais cocô na Heron Island do que podemos imaginar.
Os resultados subestimados
Um ecologista marinho, Vicent Raoult, que trabalha na Universidade de Newcastle, afirmou em um tweet que as lagoas de recife não foram incluídas na pesquisa e, portanto, essa quantidade gigante de cocô é extremamente subestimada. Ele acrescentou que a escala global de cocô, dessas criaturinhas moles, despejados no nosso ecossistema é intransponível.
O cocô do pepino-do-mar é vital para a formação de recifes de corais e devemos dar a devida importância a ele, pois essas fezes mantém a saúde dos nossos oceanos. Sabia que foi descoberto que os pepinos-do-mar tem o mesmo sabor que minhocas marinhas? Interessante, né?
Eles se alimentam de matéria orgânica do fundo do mar, como criaturas marinhas e pequenos pedaços de algas, invertebrados aquáticos e às vezes partículas de resíduos. Durante a digestão, essa matéria é decomposta em subprodutos úteis e lançada ao mar como cocô, incluindo a areia que não foi digerida.
As formações de coral requerem um ambiente básico e os pepinos-do-mar ajudam nisso. Sabe como? Defecando! O cocô do pepino-do-mar é básico por natureza, e assim diminui a acidez das águas ao redor e ajuda na formação de esqueletos de carbonato de cálcio do coral. Além disso, o cocô contém o próprio carbonato de cálcio, que é um elemento significativo para a criação de corais.
O cocô tem a amônia como subproduto, que fertiliza e ajuda na expansão dos corais. Portanto, esse grande pedaço de cocô não deve ser, de maneira nenhuma, um incômodo, mas sim ser apreciado!
Como os humanos estão usando esse cocô?
Uma bióloga marinha, Jane Williamson da Universidade Macquarie, disse que os sedimentos são revirados pelos pepinos-do-mar que, por sua vez, oxigenam os detritos e são uma fonte de alimento, cheia de nutrientes para outros organismos vivos nos recifes de coral. Isso é de grande importância para que a vida continue a prosperar nos recifes. Surpreendentemente, tudo isso é feito de cocô!
Ela também destaca que esses nutrientes irão permanecer sem uso e retidos caso os pepinos-do-mar não se alimentem e excretam sedimentos. A maior parte da vida no fundo do mar não será capaz de se alimentar adequadamente se isso acontecer.
Nós acabamos de ler sobre como os pepinos-do-mar são importantes para os recifes de coral e o meio ambiente. Contudo, eles estão ameaçados de extinção por conta da pesca. Eles são considerados uma iguaria na Ásia, rica em proteínas, sendo avaliados em até $3.500 o quilo. Isso resulta em um aumento na demanda por eles, promovendo assim essa mortandade. Eles também são usados por certas empresas farmacêuticas, na fabricação de medicamentos para o tratamento de câncer, o que promove sua pesca.
A Universidade de Newcastle declarou que, atualmente, sete espécies de pepinos-do-mar estão ameaçadas de extinção e nove são consideradas “vulneráveis à extinção”. Se o número dessas criaturas diminuir, também diminuirá o número de recifes de coral. Com a diminuição dos pepinos-do-mar, a rotação dos sedimentos será muito menor, o que irá ameaçar a existência de recifes de coral.
Ninguém imaginou que um organismo com o nome de pepino seria tão conhecido por fazer cocô. Essas criaturas parecem genuinamente estar trabalhando com ele, né?
E aí, gostou de saber mais sobre o pepino-do-mar e o seu cocô?