Purussaurus brasiliensis – o maior jacaré que já existiu
O jacaré pré-histórico brasileiro possuía força e tamanho descomunal. A mordida do purussaurus brasiliensis era duas vezes mais forte que a do Tiranossauro Rex e vinte vezes mais forte que a do tubarão branco moderno. Estava no topo da cadeia alimentar, no período Mioceno, e era considerado o rei do pântano amazônico. Vamos conhecer um pouco desse gigante colossal? Aproveite a leitura e divirta-se!
Descoberta do Purussaurus brasiliensis
O primeiro fóssil do super jacaré foi encontrado em 1892, nas margens do Rio Purus, na Amazônia, e classificado como crocodilo pelo então responsável do Museu de Botânica da Amazônia (hoje, inexistente), João Barbosa Rodrigues. Extinto há 8 milhões de anos, ele ficaria conhecido como o maior crocodilomorfo que viveu em nosso planeta em qualquer tempo.
Durante muitas décadas, o enorme réptil ficou no esquecimento dos estudiosos. Porém, em 2015, novos estudos começaram a ser publicados sobre o animal, tirando-o do esquecimento da ciência. Mais recentemente, em 2021, um novo artigo científico sobre a espécie, fazendo cruzamentos de informações com outros estudos, foi publicado e reforçou tudo que já havia sido comprovado. O Purussaurus brasiliensis, também conhecido como lagarto do Rio Purus, é mesmo o maior crocodilo já registrado do mundo.
Novos fósseis foram encontrados recentemente na divisa do Acre com o Amazonas, próximo às águas do Rio Purus, (que percorre o Acre, Amazônia e Peru), incluindo mandíbula e parte do crânio.
O material fóssil mais completo que existe sobre o Purussaurus brasiliensis é um crânio com mandíbula completa e estão na Universidade Federal do Acre. Mesmo que o material fóssil recuperado seja substancial, a espécie pode ainda ser considerada pouco compreendida.
Características do Purussaurus brasiliensis
Para deixarmos bem claro de quem estamos falando, é preciso mencionar que existem três tipos de purussaurus:
- Purussaurus neivensis;
- Purussaurus mirandai;
- Purussaurus brasiliensis – sendo este, o maior de todos e o tema do nosso artigo.
Em uma luta entre o Tiranossauro Rex e o Purussaurus brasiliensis, o T-Rex, com certeza, sairia perdendo. Luta essa que não seria possível acontecer, uma vez que o jacaré gigante viveu 50 milhões de anos depois do T-Rex ter sido extinto. Mas mesmo assim, é interessante imaginar, não é mesmo?
Somente o crânio deste animal mede mais de um metro e meio e o tamanho total do seu corpo pode passar de 12 metros de comprimento. Pesando mais de 8 toneladas, não existe e nem nunca existiu um jacaré maior do que este. A anatomia do seu crânio robusto, curto e largo e com grandes narinas muito provavelmente, segundo estudiosos, era o responsável pela poderosa mordida que o animal possuía. Estima-se que era capaz de alcançar 7 toneladas de força.
Alimentação
Um superpredador com tamanha força bruta e robustez, com certeza não comia pouco. Estudos afirmam que o purussaurus brasiliensis ingeria em torno de 40 kg de comida diariamente. Isso é, no mínimo, 15 vezes a quantidade de comida que um jacaré atual consome por dia.
Devido a força de sua mordida, ele ocupava o topo da cadeia alimentar de sua época, podendo atacar presas muito maiores que ele. Acredita-se que a dieta do super jacaré se baseava em toda a fauna que ele pudesse alcançar e com quem compartilhava seu habitat. Desde preguiças-gigantes, tartarugas-gigantes, aves, peixes e roedores da época.
O período do Mioceno foi marcado pela existência de grandes mamíferos na região amazônica e o tamanho de suas presas não era problema algum para este jacaré colossal. Como seus parentes modernos, ele provavelmente arrastava sua presa para baixo d’água, a afogava e depois comia seus pedaços, que arrancava com um giro, sem mastigar.
Habitat e extinção
O mega jacaré habitava pântanos e rios da floresta amazônica e territórios ao norte da América do Sul. Compartilhava seu habitat com outros animais, que serviam como alimentação. Uma de suas vizinhas, a preguiça-gigante, podia chegar a um tamanho de cinco metros, o que dava uma bela refeição ao purussaurus brasiliensis.
Com tantas vantagens, podia parecer improvável a extinção deste enorme predador, porém, ele não foi páreo para as montanhas. Isso mesmo, a extinção do Purussaurus brasiliensis foi devido a um fenômeno geológico: o surgimento da Cordilheira dos Andes.
Na época final do Mioceno, período em que viveram os purussaurus, o território que eles habitavam, era basicamente formado por terras alagadas, o que era bastante propício para o gênero de jacarés gigantes. Contudo, seu tamanho foi, ao mesmo tempo, sua vantagem e também sua vulnerabilidade. O ambiente geológico neste período estava em constante mudança e em grande escala. Quando os pântanos começaram a dar lugar aos sistemas de rios, o purussaurus viu seu habitat diminuir em muito de tamanho, afetando igualmente suas presas e sua alimentação. E quando, por fim, ocorreu a mais dramática das mudanças geológicas da época, a elevação das montanhas andinas, o grande predador se viu derrotado.
Muitos animais menores conseguiram se adaptar e sobreviver no espaço disponível menor, entretanto, os grandes predadores, como os purussaurus, não tiveram essa sorte.
Conclusão
Um dos autores do estudo publicado em 2015, Tito Aureliano, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) afirmou para a BBC News: “A constante subida dos Andes e a mudança do sistema amazônico de pântanos para os sistemas de rios que temos hoje reduziu muito a área para esses animais gigantes viverem. Ao reduzir também o número de presas, causou rapidamente a extinção dos superjacarés amazônicos. É uma lição para nós de que nem sempre é necessário um meteoro para causar a extinção de um grupo bem sucedido de espécies”