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Conheça o caranguejo-ferradura: o fóssil vivo marinho

A terra está cheia de algumas criaturas fascinantes tão primitivas que tiveram início nos tempos pré-históricos e, devido à sua data de origem antiga e sua aparência originária, são chamadas de “fósseis vivos”. Podendo ser encontrados principalmente em áreas marinhas e salobras, os caranguejos-ferradura surgiram há mais de 244 milhões de anos, sendo considerados os fósseis vivos mais conhecidos, pertencentes à família Limulidae, um ramo dos artrópodes. Quer saber mais sobre esta espécie? Então vamos lá!

Fêmea da espécie, de barriga para baixo, descartada após ser usada como isca para pesca (Foto: Reprodução)

História e origem

Os caranguejos-ferradura evoluíram junto com um grupo de artrópodes marinhos pré-históricos, conhecidos como trilobitas, devido à sua estrutura corporal de 3 lóbulos. Embora as trilobitas tenham sido extintas no final da Era Paleozóica, os caranguejos-ferradura conseguiram sobreviver até hoje. O termo “caranguejo” é, na verdade, impróprio, pois esse animal nem mesmo é um caranguejo ou um crustáceo, eles só são chamados assim por causa de seus habitats marinhos e salobros.

Agora você ficará surpreso, pois na verdade essa criatura está mais próxima dos ácaros, carrapatos e aranhas do que dos caranguejos em si. Atualmente, existem 4 espécies sobreviventes de caranguejos-ferradura, podendo ser encontrados na Índia, Japão, América do Norte e Indonésia. A diversidade norte-americana desse animal, também conhecida como Limulus polyphemus, é bastante conhecida pela maioria das pessoas que vivem perto da costa americana, pois são usados como isca de pesca na Costa Leste.

Anatomia

O caranguejo-ferradura tem uma aparência muito original e rudimentar, consistindo em um baixo-ventre complexo que se encontra sob uma concha ou carapaça dura. Esta espécie tem 9 olhos, sendo eles um par de olhos laterais compostos, cada um feito de 1.000 omatídeos, um par de medianos que podem ser usados para detectar luz ultravioleta, um par de laterais rudimentares, um olho endo-parietal e um par de olhos ventrais próximos à boca.

As capacidades de visão dos caranguejos-ferradura são muito interessantes, já que seus olhos são mais de um milhão de vezes mais sensíveis à luz durante a noite, além de terem cones e bastonetes muito grandes em seus omatídeos. Eles têm um par de pequenos apêndices conhecidos como quelíceras para empurrar a comida na boca e, para se movimentar, esses animais fazem uso dos seus 5 pares de apêndices chamados pedipalpos. Para eliminar o exoesqueleto, os caranguejos-ferradura têm uma temporada de muda todos os anos.

O sangue do caranguejo-ferradura é coletado no Laboratório Charles River em Charleston, Carolina do Sul.
FOTO DE TIMOTHY FADEK – BBC NEWS

Uso medicinal

Por terem sangue à base de cobre, os caranguejos-ferradura usam hemocianina para transportar oxigênio para suas células. Seu sangue contém um tipo de célula móvel chamada “amebócito”, que tem uma enorme importância na área médica. O sangue do caranguejo-ferradura-do-Atlântico é colhido para a extração dessa célula, que tem aplicação na fabricação de um tipo de reagente conhecido como LAL ou Limulus Amebocyte Lysate, que é usado para detectar endotoxinas bacterianas.

O sangue do caranguejo-ferradura também é muito procurado pois o LAL é um dos reagentes mais úteis e importantes no campo da patologia. Apesar de existir toda uma indústria que os recolhe, coleta seu sangue e depois os devolve ao oceano, muitos cientistas não acreditam que eles sejam devolvidos ao mar pelas empresas farmacêuticas de LAL. Se mantidos nas condições adequadas, eles podem sobreviver de 4 a 5 dias sem água.

Caranguejos-ferradura na praia do Parque Estadual Cape Henlopen, Delaware, EUA

Alternativa sustentável para o sangue dos caranguejos

Em 1986, pesquisadores da Universidade Kyushu descobriram que o teste de detecção de endotoxina bacteriana poderia ser realizado com o uso de uma enzima chamada Limulus fator C recombinante ou rFC, pois ela é  encontrada na própria LAL (Limulus Amebocyte Lysate), sendo considerada ideal para o teste. Em 2003, um pesquisador conhecido como Jeak Ling Ding patenteou um processo para obter essa enzima sinteticamente. Atualmente, os patologistas estão mudando os testes de endotoxina de LAL para rFC.

Foto: Charles River – Instituto de Conservação do Caranguejo-ferradura

Algumas curiosidades interessantes

Você sabia que o fóssil mais antigo de caranguejo-ferradura descoberto tem mais de 450 milhões de anos, datando do final do período Ordoviciano? Isso o torna o mais antigo dos fósseis vivos.

Também foi demonstrado que esses animais nadam de cabeça para baixo! Eles nadam de costas usando suas guelras como remos, além de conseguirem se arrastar ao longo dos solos arenosos, salobros ou oceânicos em que vivem.

Como outros fósseis vivos, os caranguejos-ferradura levam muito tempo para crescer e amadurecer. Podendo viver por mais de 20 anos, eles demoram quase 10 para atingir a maturidade sexual, além disso, os caranguejos jovens passam pelo processo de muda mais de 16 vezes!

Estas são todas as informações que você precisa saber sobre esta criatura extraordinária que poderá encontrar em qualquer praia pelo mundo afora. Eles podem não parecer grande coisa, mas são uma das criaturas mais antigas, fascinantes e úteis que você pode encontrar.