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Coruja de estimação – Restrições legais, cuidados e muito mais

Talvez tenha sido por causa de Hogwarts e suas corujas mensageiras, talvez não. Mas a questão é que a procura por animais de estimação exóticos aumentou muito nos últimos anos e dentre esses animais está a coruja. Mas será mesmo possível ter uma coruja de estimação? Corujas são domesticáveis? Qual a legislação sobre o assunto? Bem, vamos tentar esclarecer esses e outros pontos nesse artigo. Aproveite a leitura!

Coruja-pescadora-de-blakiston (Bubo blakistoni) – Imagem: Indy Kids Org
Coruja – características gerais

Aves de hábitos noturnos, em sua grande maioria, pertencem a Ordem Strigiformes e se dividem em duas famílias: Tytonidae Strigidae. Apesar de todas pertencerem a mesma Ordem, existem mais de 200 tipos diferentes de corujas em todo o planeta.  Algumas bem pequenas, com cerca de 60 gramas e outras chegando a pesar mais de 1 quilo. A maior, e mais rara espécie de coruja conhecida, pode chegar a 5 quilos, acredita? É a Coruja-pescadora-de-blakiston (Bubo blakistoni), que vive nas florestas da Rússia, China e Japão. Elas têm em média 75 centímetros de altura e uma envergadura de 2 metros. Impressionante, não acha?

coruja de estimação
Coruja-pescadora-de-blakiston (Bubo blakistoni) – Imagem: Planet Custodian

Olhos grandes, curiosos e inquisidores são uma característica típica e comum a todas, além de plumagem abundante, macia e impermeável, garras afiadas e bicos fortes. Suas cores podem variar, mas geralmente são de coloração marrom. Algumas espécies têm plumagem cinza, branca e algumas manchas e listras. Sua cabeça pode girar até 270 graus e isso compensa o fato de não terem a capacidade de mover os olhos.

São aves predadoras, ou seja, caçam para se alimentar. Sua visão e audição aguçadas, além do voo silencioso as tornam caçadoras eficientes.

Corujas domésticas

Como se pode imaginar, nem todas as espécies de corujas são domesticáveis, algumas possuem hábitos selvagens e já foi comprovado que não se adaptam a ambientes domésticos. Caso você tenha o desejo de ter uma coruja de estimação, saiba que ela não é um animal de fácil cuidado e é preciso bastante dedicação. Você também precisa se informar sobre as questões legais no seu país em relação a esse tema. Falaremos disso mais adiante.

As corujas domésticas são muito companheiras. Apesar de poder variar muito entre as espécies, normalmente o seu temperamento é tranquilo e é possível que crianças tenham contato com ela. Não são agressivas, mas a forma como ela é criada faz toda a diferença: um tratamento dócil e gentil, com aproximações calmas e carinhosas farão com que sua corujinha se torne também gentil e doce. Mas enfim, quais são as corujas domesticáveis? Listamos três para você conhecer a seguir:

Espécies de corujas domésticas
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Coruja-buraqueira (Athene cunicularia) – Imagem: InfoEscola
Coruja-buraqueira (Athene cunicularia)

Já adivinhou porque ela tem esse nome, não é mesmo? Exatamente, ela gosta de viver em buracos e tocas no solo. Apesar de ser capaz de cavar o seu próprio buraco, normalmente prefere ocupar tocas abandonadas por outros animais. Encontrada no Canadá, EUA e América do Sul e no Brasil, onde ela é a mais conhecida de todas as corujas, só não é encontrada na bacia Amazônica. Com certeza, você já a avistou em alguma praia ou até mesmo na área urbana, em terrenos baldios.

Sua aparência não difere muito da maioria das corujas, porém, os olhos amarelos e as sobrancelhas brancas dão um toque exótico na expressão de seu rosto. Sua plumagem é na coloração marrom amarelada, e as fêmeas, por vezes, apresentam um tom mais escuro. Com suas longas pernocas, medem cerca de 23 centímetros de altura e pesam, no máximo, 250 gramas.

Basicamente sua alimentação consiste em insetos (grilos, gafanhotos, mariposas), aranhas, cobras, pequenos roedores e alguns pequenos pássaros. Gostam de caçar no final do dia ou ao amanhecer. Sua expectativa de vida é até 25 anos no seu habitat e somente aves de rapina maiores e o próprio homem são os seus predadores.

Uma curiosidade fofinha sobre a dinâmica familiar da coruja-buraqueira: os filhotes adoram ficar fora da toca, mas próximos dela, no solo ou empoleirados em cercas ou montes de terra. Ao menor sinal de perigo, os pais, ou irmãos mais velhos, emitem um som alto e estridente e, no mesmo instante, os filhotes correm para dentro da toca se proteger, enquanto os adultos sobrevoam os arredores do ninho.

Coruja-orelhuda (Asio clamator)
Coruja-orelhuda (Asio clamator)

Assim como a coruja-buraqueira, também não é difícil imaginar a razão do nome da coruja-orelhuda, não é mesmo? Olhe a fotinho dela acima e saberá. Sim, ela parece orelhudinha, porém, são dois tufos de penas e não orelhas. Interessante, não é mesmo? 

Mas essa não é a única característica marcante na aparência da coruja-orelhuda. Seu olhar castanho é penetrante e envolvente, e a coroa negra ao redor de sua face branca dá um ar de mistério. Tem porte médio, cerca de 30 a 40 centímetros de altura e o peso varia entre 330 a 560 gramas. Suas cores são mescladas de marrom claro, creme e listras marrom escuras. É uma espécie muito bonita.

Bastante discreta, de hábitos noturnos, gosta de caçar a noite ou ao crepúsculo, e se alimenta basicamente de pequenos mamíferos, roedores, lagartos e pássaros pequenos. Encontrada em toda a América Central e América do Sul, vive em matas e bosques, mas também é vista em áreas urbanas arborizadas.

Uma curiosidade sobre a coruja-orelhuda: quando se encontra em situação de perigo, ela tem o hábito de inflar o seu corpo e manter sua plumagem eriçada, enquanto estala seu bico para fazer barulhos ameaçadores e de intimidação.

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Coruja-suindara (Tyto furcata) – Imagem: IEF – Instituto Estadual de Florestas
Coruja-suindara (Tyto furcata)

Também conhecida por coruja-de-igreja, coruja-das-torres e rasgamortalha, o nome suindara tem origem tupi e significa “o que não come”. Enquanto está voando, a suindara emite um som muito característico parecido com um pano rasgando. Será por isso que é conhecida também como rasga-mortalha? 

A coruja-suindara tem um estilo de vida mais urbano que suas “primas” anteriores. Ela gosta de estar entre os humanos e faz sua morada em torres de igreja (por isso, um dos nomes pela qual é conhecida), forros de construção, sótãos e outros ambientes modificados pelo homem. Mas ela também pode ser encontrada em campos com vegetação aberta, grutas e bordas de matas. No Brasil, ela está presente em todas as regiões. No mundo, ela é vista na Austrália, Europa, África, Canadá, Estado Unidos e até nas ilhas do Caribe.

Talvez a característica mais marcante da aparência da coruja-suindara sejam os discos faciais em seu rosto, bem destacados, que se assemelham ao formato de coração. Estes discos tem por função levar os sons até a seus ouvidos externos e é a única coruja com os discos faciais nesse formato. Ela bem que poderia ser conhecida como coruja-cara-de-coração, não acham? Ah seria fofinho ♥

Ainda falando sobre aparência física, a coruja-suindara é de porte médio a grande, tem em torno de 35 centímetros de altura e pesam em torno de meio quilo. A envergadura (distância de uma ponta da asa até a outra) pode chegar a mais de um metro. A cor predominante no lado interno e partes inferiores do corpo (peito, barriga, pescoço, etc) é branca e as partes superiores, o lado externo, é de coloração castanha acinzentada, com mesclas de cores que lembram a cor de bronzeados. 

Sua alimentação baseia-se em pequenos roedores, insetos maiores, morcegos, répteis, anfíbios e aves, dependendo da época do ano, preferindo caçar sempre a noite ou ao crepúsculo. 

Coruja de estimação – é possível?

Bom, a resposta a essa pergunta depende muito. E depende do quê? Da legislação em seu país. Aqui no Brasil, é permitido, desde que se tenha autorização do IBAMA. O criador, de quem você vai comprar o animal, precisa ser credenciado, ou então, você corre o risco de ser multado. Essa legislação muda de país pra país e por isso, caso você não more no Brasil, se informe direitinho sobre isso. 

Ainda é preciso que você tenha mais de 18 anos, faça um cadastro no SISPASS e tenha um Cadastro Técnico Federal (CTF). Só depois de todas as exigências serem cumpridas você será o feliz tutor de uma corujinha. Ah, um detalhe importante: o criador credenciado de quem você irá comprar, precisa lhe fornecer: nota fiscal, laudo veterinário, registro do IEF, além de uma anilha na patinha da coruja, que servirá como sua identificação e um guia de cuidados de transporte. Ter uma coruja de estimação, realmente não é simples.

Cuidados com sua coruja de estimação

Já viu que ter uma coruja estimação não é tão simples como nos filmes do Harry Potter, não é mesmo? Veja alguns cuidados importantíssimos que se deve ter:

  • Local amplo, com espaço suficiente para que ela se exercite, voe, com segurança para não se bater e nem fugir. Ou seja, se você mora em apartamento, infelizmente, não é possível ter uma coruja de estimação.
  • Precisa de um poleiro, onde ela possa tomar sol e um local para banho.
  • Precisa de um viveiro protegido, escuro (normalmente feito de madeira), em que ela possa dormir. Importante frisar que as gaiolas comuns de pássaros não servem para as corujas. 
  • Não existe ração para corujas, portanto, você precisará cuidar de sua alimentação diretamente. Dependendo da espécie que você escolher, sua dieta será baseada em ratos e outros pequenos mamíferos, e você precisará consegui-los, o que pode não ser nada fácil :-/ (deu nojinho aí?) 
  • A maior causa de doenças em corujas em cativeiro é a deficiência nutricional. Em vista disso, é imprescindível a visita a um veterinário de animais silvestres ou exóticos para que ele lhe oriente sobre o suplemente alimentar mais indicado.
  • Não existem vacinas para corujas, portanto, alimentação adequada, local limpo e livre de parasitas são os pontos que farão sua corujinha viver forte, saudável e feliz.
Conclusão

E então? Ainda pensando em ter uma coruja de estimação? Como vimos, essa não é uma tarefa simples e tampouco para iniciantes, mas caso ainda esteja convencido a ter uma como companhia, tome todos os cuidados necessários e cumpra todas as obrigações legais. Tirar um animal selvagem de seu habitat nunca é a melhor opção, mas caso o faça, faça da melhor forma possível e seguindo todos os requisitos legais e seja muito feliz com sua nova amiga.