Peixe-leão: a beleza invasora

O peixe-leão com suas belas cores e padrões de listras provavelmente é um dos peixes mais bonitos dos oceanos. Entretanto, esses peixes não são famosos apenas por sua beleza. Além de tóxicos, eles são a causa de sérios problemas relacionados ao desequilíbrio ambiental. Vamos entender o motivo disso, quais os problemas que ele tem causado e o que está sendo feito para resolver a questão? Aproveite a leitura e divirta-se!

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Peixe-leão (ou peixe-dragão): origem e habitat

Existem 9 espécies de peixe-leão, todas pertencentes ao gênero Pterois, da família Scorpaenidae. Todos são originários do Indo-Pacífico, porém, de diferentes regiões do mundo. Cada uma dessas espécies se adaptou a diferentes habitats marinhos, desde recifes de coral até fundos rochosos e arenosos, onde tendem a se manter escondidos durante o dia e serem ativos à noite. Vivem em águas quentes, de pouca profundidade, em torno de 50 metros.

As nove espécies conhecidas de peixe-leão, até o momento, são: 

1 – Pterois antennata – originário do Oceano Pacífico Ocidental, encontrado no Mar da China Meridional e na Grande Barreira de Coral.

2 – Pterois radiata – originário do Oceano Índico, encontrado desde a África Oriental até o Oceano Pacífico Ocidental.

3 – Pterois russelii – originário do Oceano Índico Ocidental e no Mar Vermelho.

4 – Pterois volitans – originário do Oceano Pacífico, das áreas do Pacífico Ocidental até a costa da África Oriental e Madagascar. Introduzido acidentalmente no Atlântico Ocidental e no Mar do Caribe. 

5 – Pterois miles – originário do Oceano Pacífico Ocidental, incluindo a Austrália, a Nova Guiné e o Havaí.

6 – Pterois lunulata – originário do Oceano Pacífico Ocidental, incluindo a Austrália e a Nova Caledônia.

7 – Pterois mombasae – originário do Oceano Índico, ao longo da costa leste da África.

8 – Pterois sphex – originário do Oceano Índico, desde a África Oriental até a Indonésia.

9 – Pterois fuscus – originário do Oceano Pacífico Ocidental, incluindo o Japão e as Filipinas.

Características gerais do peixe-leão peixe-leão

O tamanho dos peixes-leão varia de acordo com a sua espécie, como vimos anteriormente, existem nove delas. Porém, a média fica em torno 30 centímetros. A espécie mais conhecida de peixe-leão é a Pterois volitans e esta pode chegar aos 47 centímetros de comprimento. Outro fator que influencia no tamanho destes peixes é a idade e o sexo, pois existe dimorfismo entre eles, sendo as fêmeas geralmente maiores que os machos.

A maioria dos peixe-leão possui o corpo listrado, com listras que variam em cores branco, marrom e vermelho. Essas listras coloridas os ajudam a se camuflar entre o seu habitat natural, os corais e as rochas. Algumas espécies de peixe-leão também apresentam manchas brancas ou escuras espalhadas em seu corpo. 

Seu corpo colorido, listrado de cores vibrantes e suas nadadeiras bastante desenvolvidas que lembram um leque quando abertas, tornam esta espécie de peixe uma das mais belas que existe e muitíssimo procurada por aquaristas. Especialistas afirmam que muito provavelmente foi através de colecionadores de peixe que esta espécie foi introduzida em locais diferentes dos seus originais, a tornando assim, uma espécie invasora. Falaremos sobre isso mais adiante. 

Veneno do peixe-leão

O nome “Pterois” tem origem grega, onde “ptero” significa “asa” e “is” significa “semelhante a”, referindo-se às grandes barbatanas peitorais do peixe-leão que se assemelham a asas quando estendidas. E justamente nessas “asas” que estão localizados os espinhos que contém o veneno do peixe-leão, nas barbatanas dorsais, ventrais e anais. São no total 18 espinhos em seu corpo, sendo 13 na nadadeira dorsal, 2 nas pélvicas e 3 na nadadeira anal.

Todas as 9 espécies de peixe-leão peixe-leão são venenosas, porém, nenhuma delas é agressiva com os seres humanos. Os casos relatados de envenenamento em pessoas, todos foram por falta de cuidado ao manusear o peixe ou então por invasão de seu habitat pelo homem. O peixe-leão ao se sentir ameaçado, assim como qualquer outro animal na natureza, reage se defendendo e, no seu caso, faz isso liberando o seu veneno. Apesar de bastante dolorido, o efeito do veneno em um ser humano adulto saudável raramente é fatal. Na maioria dos casos causam dor intensa, inchaço e náuseas.

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Alimentação do peixe-leão

As 9 espécies de peixes-leão são carnívoras e sua dieta é composta basicamente de outros peixes e crustáceos, como camarões, lagostas e caranguejos. Esporadicamente também podem se alimentar de algas e plânctons.

Como os peixes do gênero Pterois não são peixes que nadam muito rápido, sua estratégia de caça é a emboscada. São predadores oportunistas, considerados de nível superior na cadeia alimentar da maioria das regiões de coral, conseguem peixes e crustáceos quase do mesmo tamanho que o seu e ingerir cerca de 20 peixes em menos de uma hora.

Lentos na natação, entretanto muito habilidosos no que diz respeito a camuflagem, eles se escondem entre os corais e rochas e aguardam pacientemente sua presa se aproximar. Quando isso acontece, eles se lançam rapidamente com a boca aberta sobre a vítima e a sugam, num movimento rápido, ágil e silencioso.

Comportamento e reprodução do peixe-leão

Os peixes-leão são animais geralmente solitários e territoriais, além de bastante agressivos com outros peixes. Quando eles escolhem e definem um local como seu, onde se escondem ou caçam, costumam defender este território com unhas e dentes. 

Entretanto, na época de acasalamento, eles formam grupos temporários ou pares para reprodução. Os machos se exibem para as fêmeas usando suas cores vibrantes e suas nadadeiras em leque para chamar a atenção. Após a cópula, a fêmea pode colocar até 30 mil ovos.

Espécie invasora

Uma espécie invasora é uma espécie que foi introduzida em um meio ambiente do qual não fazia parte originalmente e nem mesmo faz parte de sua distribuição natural. Podem ser animais, plantas ou até mesmo microrganismos e os efeitos negativos são muitos. Por exemplo, por não terem predadores naturais ou espécies competidoras no local invadido, as espécies invasoras se reproduzem e se proliferam rapidamente, causando desequilíbrio no ecossistema em que se encontram.

O peixe-leão é uma espécie invasora em diversos locais do mundo, inclusive no Brasil. México, Caribe, Flórida, são algumas das áreas em que este belo peixe se tornou um problema.

Como falamos anteriormente, uma espécie invasora se prolifera rapidamente e se torna dominante. Em locais onde o turismo é o que sustenta a região, como as ilhas do Caribe, por exemplo, o peixe-leão se tornou uma constante preocupação para os instrutores de mergulho e natação, uma vez que esse peixe, apesar de não ser fatal para seres humanos, possui um veneno potente e dolorido, podendo causar até mesmo convulsões.

Imagem: Kadu Pinheiro / Pragmatismo Político

Praga predadora

Em todas as outras áreas do mundo onde ele é considerado uma praga invasora, os problemas causados por ele incluem:

• Prejudica a vida marinha: lembra que comentamos que o peixe-leão é um predador voraz? Dessa forma, por estar em um meio ambiente que não é o seu original, ele irá se alimentar avidamente das espécies nativas, o que pode diminuir a população destes animais e até mesmo levar a sua extinção total.
• Impacto negativo no meio ambiente: O peixe-leão pode ser alimentar de alguns tipos de algas do local fazendo com que outras cresçam de maneira desordenada, além de que esta espécie de peixe é conhecida por se alimentar das larvas de outros peixes o que pode acabar impactando a estrutura de suas populações.
• Impacto negativo na biodiversidade marinha: por não terem predadores naturais no local em que são introduzidas, as espécies invasoras rapidamente se reproduzem e se proliferam, causando assim um desequilíbrio na diversidade de peixes do local.
• Impacto negativo no meio de  sustento dos pescadores: o peixe-leão costuma se alimentar dos peixes que serviriam de alimentos para os peixes maiores, alvo da pesca comercial que sustenta muitas comunidades.

O pescador William Álvarez mostra um espécie de peixe-leão em Chichiriviche de la Costa, Venezuela, em 31 de outubro de 2021 – AFP – Fonte: ISTOÉ

Ações para contenção do peixe-leão

Nos diversos locais em que o peixe-leão foi introduzido, por ação humana ou não, e que está causando esses desequilíbrios, esforços estão sendo feitos para resolver o problema. Um dos principais trabalhos é o de captura e retirada. Porém, em regiões onde a invasão ocorreu há muito tempo, como nos Estado Unidos e no Caribe, por exemplo, onde já são mais de 30 anos convivendo com o peixe-leão, especialistas chegaram à conclusão de que será praticamente impossível a erradicação total do animal dessas áreas. O que se faz então? Ações de manutenção e contenção da população destes peixes para que as espécies nativas se adaptem à presença deles e assim o ecossistema sofra o menor dano possível.

Em Fernando de Noronha, no Brasil, e nas praias do Caribe, o peixe-leão é facilmente avistado devido às águas claras e límpidas, o que facilita a identificação e captura do mesmo pelos mergulhadores e pescadores. Tal facilidade já não é encontrada, por exemplo, nas praias do Nordeste brasileiro e outras regiões do mundo em que chuvas ou ventos fortes prejudicam a navegação e a visibilidade.

Em algumas regiões, como o Caribe, por exemplo, o consumo da carne de peixe-leão é altamente incentivado. Existem programas do governo e de ongs ambientalistas que ensinam como capturar e preparar o peixe de forma segura. Uma vez que sua toxina se encontra apenas nos espinhos em suas nadadeiras, a carne do peixe-leão é tida como consistente e saborosa e totalmente segura para consumo humano.

Conclusão

Os peixes-leões são uma espécie do Indo Pacífico encontrada nas águas quentes do Oceano Atlântico. Porém, quando levados para fora de seu habitat, esses animais se tornam uma ameaça para outras espécies de peixes e para a vida marinha. Com seus espinhos venenosos e habilidades de predador, os peixes-leões podem causar danos significativos aos ecossistemas costeiros. Por isso, a pesca e o controle desses animais são essenciais para proteger a região e preservar a vida marinha. Precisamos desenvolver ações que atenuem os impactos negativos dos peixes-leões e apreciar a beleza desses animais. Gostou? Deixe sua mensagem abaixo e continue nos acompanhando.
Até a próxima! ♥