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O caramujo-gigante-africano é uma ameaça séria à agricultura, à biodiversidade e à saúde humana

Acredita-se que o caramujo-gigante-africano (Achatina fulica) seja a praga adaptável e invasiva mais amplamente distribuída na terra.

Os cientistas afirmam que “os caramujos-gigantes-africanos não são apenas uma ameaça para a agricultura, a ecologia e a economia, mas também representam uma ameaça para a saúde humana”.

Essas criaturas lentas se tornaram populares como animais de estimação nas últimas décadas, especialmente na Europa, onde as pessoas consideram os caracóis como bichinhos de estimação fáceis para crianças e idosos. Os caracóis são herbívoros noturnos que se alimentam de quase 500 espécies de plantas e lavouras, incluindo a maioria das variedades de feijão, pepino, melão, amendoim e ervilha.

Embora os caramujos-gigantes-africanos pareçam ser animais de estimação super adoráveis e calmos, eles são absurdamente invasivos e ameaçam a agricultura, a biodiversidade e a saúde dos humanos. Até mesmo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) tem uma ordem contra a posse ou envio dos caramujos-gigantes-africanos.

Por que o caramujo-gigante-africano é uma ameaça?

Em seu livro “Molluscs as crop pests”, 2002, Raut e Barker, abordam a origem, o comportamento alimentar e a reprodução do caramujo-gigante-africano como pragas agrícolas e de jardim. Os autores também destacaram as medidas preventivas para o controle dessas espécies de caracol assustadoramente invasivas e resumiram como as espécies do caramujo-gigante-africano foram distribuídas ao redor do mundo.

Estes caracóis são nativos da África e foram acidentalmente distribuídos por todo o globo (exceto na Antártica) no século 18. A existência do caramujo-gigante-africano começou nos Estados Unidos da América na década de 1940. Depois de serem acidentalmente introduzidos nos Estados Unidos, os caramujos-gigantes-africanos, de maneira insana, cresceram em número com seu processo reprodutivo único. 

Os cientistas dizem que “uma grande parte da ameaça que o caramujo-gigante-africano representa, é a sua capacidade de reproduzir milhares de filhotes anualmente”.

Esses caracóis gigantes são hermafroditas, o que significa que eles possuem ambos os órgãos sexuais, feminino e masculino. Essas criaturas invasoras podem colocar aproximadamente 1.200 ovos por ano. Em comparação com outros animais pequenos, os caramujos-gigantes-africanos têm um ciclo de vida relativamente longo, podendo viver até 10 anos com condições ambientais desejáveis e disponibilidade suficiente de alimentos.  

Na década de 1960, um garoto da Flórida comprou três caramujos-gigantes-africanos, aparentemente vulneráveis, em sua viagem ao Havaí. Mais tarde, sua avó deixou os três caracóis passearem pelo seu jardim, mas em apenas sete anos, a população dos caramujos-gigantes-africanos na Flórida aumentou drasticamente (mais de 18.000!). Em 1973, o governo da Flórida gastou cerca de um milhão de dólares e uma década para destruir essas pragas agrícolas e de jardim.

O malacologista americano Albert R. Mead, em seu livro, revisou extensivamente a erradicação dessas criaturas na Flórida depois de seu aumento dramático. Essa erradicação envolveu coleta manual, medidas de conscientização pública e o uso dos moluscicidas. 

Mead afirmou que “se os caramujos-gigantes-africanos não fossem erradicados a tempo, as perdas agrícolas teriam sido de milhões até o final de 2011”.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), esses caracóis podem causar danos graves às lavouras e à ecologia do solo. Com um apetite voraz, os caramujos-gigantes-africanos podem consumir vegetais comuns, uma grande variedade de flores ornamentais e frutas. O apetite dessa espécie destrutiva pode gravemente prejudicar as colheitas em uma velocidade alarmante.

Além dos danos agrícolas, os caramujos-gigantes-africanos representam ameaças à biodiversidade e à saúde humana também. Agindo como hospedeiros intermediários naturais de vermes pulmonares (metastrongilóides) e carregando Aelurostrongylus abstrusus, Phasmarhabditis hermaphrodita, Rhabditis sp, e Strongyluris sp., esses caracóis transmitem ou introduzem patógenos ou outras bactérias infecciosas em humanos que causam leves ou graves problemas de saúde. 

Os cientistas afirmam que “os caramujos-gigantes-africanos são vetores de um parasita que causa meningite (inflamação das meninges) em recém-nascidos e adultos”.

Em 2013, Robert H. Cowie (um professor pesquisador do Pacific Biosciences Research Center, da University of Hawaii, em Honolulu, no Hawaii, Estados Unidos) descobriu que esses caracóis transmitem a “larva de rato” (o parasita Angiostrongylus cantonensis) em humanos, sendo o principal culpado pela meningite eosinofílica em humanos e animais.

A meningite é uma doença que traz risco à vida, podendo causar ao paciente náuseas, dores de cabeça, febre e torcicolo. 1 em cada 10 pacientes com essa doença, não sobrevive e mesmo que sobreviva pode sofrer danos cerebrais, deficiência, rápida perda auditiva ou convulsões. 

Alicata (1991) e Carvalho (2013) também descobriram em seus respectivos estudos que o caramujo-gigante-africano transmite dois nematóides zoonóticos (Angiostrongylus costaricensis e Angiostrongylus cantonensis) em humanos e animais. Esses parasitas nematóides podem causar a doença da “larva do rato” (meningite eosinofílica) e angiostrongilíase abdominal em humanos.

Desde 2011, a USDA e FDACS (Departamento de Agricultura e Serviços ao Consumidor da Flórida) estão executando, de forma conjunta, um programa regulatório para erradicar completamente dos Estados Unidos esta espécie voraz. Acredita que o governo gasta cerca de 2 a 3 milhões de dólares por ano nesse programa e nas pesquisas? O governo dos Estados Unidos teria recebido informações sobre a presença dessa espécie em Miami, Havaí e Flórida. Que coisa! 

Concluindo:

Os caramujos-gigantes-africanos, depois de serem introduzidos em diferentes regiões tropicais e subtropicais, ameaçam gravemente a agricultura, transmitem vários parasitas nematóides em humanos, causam graves problemas de saúde, grandes custos econômicos e desarranjam a estrutura natural do ecossistema. Esses riscos catastróficos explicam por que esses caracóis representam uma ameaça séria à agricultura, à biodiversidade e à saúde humana.