Saiba tudo sobre a baleia azul: a gigante dos mares
Imagine um bebezinho que nasce com 8 metros de comprimento e pesando cerca de 4 toneladas. Sim, um bebê tão pesado quanto um elefante africano adulto! Pelo tamanho do filhote, podemos ter uma ideia do quão extraordinariamente grande precisa ser a mamãe, não é mesmo? E ela é! Estamos falando sobre a baleia azul, o maior animal do planeta Terra. Não existe, na história moderna, outro animal tão grande quanto ela e, neste artigo, selecionamos algumas curiosidades e fatos sobre a baleia azul que farão você ficar de queixo caído. Pronto para a leitura? Então, aproveite e divirta-se!
Baleia-azul (Balaenoptera musculus) e as sub espécies de baleias-azuis
A baleia-azul, cujo nome científico é Balaenoptera musculus, pertence à família Balaenopteridae, à ordem Cetartiodactyla e à subordem Mysticeti, dos cetáceos. Dentro do universo da baleia-azul, existem três sub espécies dela:
1 – A baleia azul Balaenoptera musculus musculus, também conhecida como baleia-azul do Atlântico Norte ou baleia, é a maior das três sub espécies. Habita o Hemisfério Norte e podem ser avistadas no Mar Mediterrâneo, Golfo do México e outras regiões do Atlântico Norte;
2 – A baleia azul Balaenoptera musculus intermedia, cujo nome popular é baleia-azul do Antártico justamente devido ser o seu habitat as regiões da Antártida;
3 – A baleia azul Balaenoptera musculus brevicauda, mais conhecida como baleia-azul-pigmeia, é a menor dentre as três e vive no Oceano Pacífico Sul Ocidental e no Oceano Índico.
Em 1758, o renomado taxonomista e naturalista sueco Carl Linnaeus publicou uma obra chamada “Systema Naturae” em que ele propunha um sistema de classificação e nomenclatura para todos os seres vivos, não somente baleias nos oceanos, mas todos os animais conhecidos até então. Foi nesta obra que, pela primeira vez, a baleia-azul foi devidamente categorizada como é conhecida até hoje, atribuindo o nome binomial Balaenoptera musculus à sua espécie de baleia.
Entretanto, com o passar dos anos e novos estudos, foram identificadas as sub espécies de baleias azuis, conforme mencionamos anteriormente. No decorrer deste artigo, iremos tratar de generalidades sobre a espécie principal de baleia azul, a Balaenoptera musculus.
Réplica de uma baleia-azul no Museu de História Natural, em Nova York
Características físicas da Baleia-azul (Balaenoptera musculus)
A impressionante dimensão destas baleias é, sem sombra de dúvidas, a característica mais fascinante sobre a baleia azul. Um espécime adulto de baleia azul pode chegar a medir 30 metros de comprimento, o tamanho de dois ônibus convencionais enfileirados ou de um prédio de 10 andares. O peso de uma baleia azul pode variar entre assombrosos 150 e 200 toneladas, o que faz dela o maior animal do mundo.
Apenas a título de comparação, o dinossauro mais famoso e temido, o feroz T-Rex, pesava ‘apenas’ 8 toneladas. Alguns estudiosos acreditam que, em terra, devido à gravidade, a baleia-azul não suportaria o seu próprio peso.
Baleia azul – o mamífero de 30 metros de comprimento
Quando imaginamos um animal desta dimensão nadando pelos oceanos, nossa imaginação pode nos levar a pensar se tratar de um feroz predador, associando sua imagem às orcas ou aos tubarões-brancos, porém, isso não poderia estar mais longe da verdade. Para termos uma ideia mais clara neste sentido sobre a baleia azul, ela nem mesmo possui dentes, acredita?! Isso mesmo, sem dentes!
Em vez de dentes, as baleias azuis possuem centenas de cerdas, filamentos flexíveis que usam para filtrar os minúsculos krills ao se alimentarem. São cerca de 400 pares dessas cerdas apenas no maxilar superior e elas podem chegar a medir um metro de comprimento e 55 centímetros de largura.
Na imagem abaixo conseguimos ter uma visão bem clara dessas “barbas” e língua da baleia azul.
Imagem: WorldAnimalFoundation.org
A pele da baleia-azul é coberta pelo “blubber”, uma camada de gordura que serve de isolante térmico e protege a baleia contra o frio das águas gélidas. Possui textura lisa e escorregadia, com sulcos ventrais profundos e longos que permitem que a pele se expanda.
A expectativa de vida das baleias azuis é de 80 a 90 anos, porém, já foi registrado um indivíduo da espécie com 110 anos. A propósito, você sabe como é calculada a idade de uma baleia-azul? Através das camadas de cera, ou gordura, em seus ouvidos. Interessante, não é mesmo? A cada seis meses, uma nova camada de gordura se instala nas estruturas ósseas dos ouvidos internos de uma baleia azul, e é assim, calculando a quantidade de placas existentes que se determina a sua idade.
Comportamento da baleia-azul (Balaenoptera musculus)
Baleia azul e o seu meio social
Esse magnífico gigante dos mares não costuma viver em grupos sociais e normalmente são avistados sozinhos ou em pares. As baleias-azuis são frequentemente vistas sozinhas ou em pequenos grupos, geralmente compostos por duas ou três baleias. No entanto, ocasionalmente, podem se reunir em grupos maiores de até 60 indivíduos em áreas de alimentação ricas em krill.
Migração das baleias azuis
São animais com padrões de migração diversificado, ou seja, alguns indivíduos da espécie realizam uma migração extremamente longa, enquanto outros migram para locais mais próximos. E existem até mesmo aqueles que não fazem qualquer tipo de migração, não migram para lugar algum, permanecendo o ano inteiro no mesmo local, desde que tenha alimento em abundância.
Como são animais mamíferos, ou seja, que respiram pelos pulmões, frequentemente são avistados na superfície, onde conseguem o oxigênio necessário. A migração é um aspecto importante do comportamento dessas incríveis criaturas marinhas.
Comunicação das baleias azuis
As baleias-azuis são conhecidas por produzirem vocalizações complexas, que incluem sons de baixa frequência. Essas vocalizações podem ser usadas para comunicação, navegação e possível atração de parceiros durante a época de reprodução.
Cooperação entre as baleias azuis
Durante a alimentação, as baleias-azuis podem se envolver em comportamento cooperativo, cercando grupos de krill e se revezando para se alimentar. Isso pode envolver a comunicação entre os indivíduos para coordenar seus movimentos.
Cuidado materno da baleia azul
Durante a época de reprodução, as fêmeas dão à luz a seus filhotes em águas mais quentes e calmas. As baleias azuis cuidam de seus filhotes, que geralmente permanecem perto delas e são amamentados por vários meses.
Interação das baleias azuis com outras espécies
As baleias-azuis também podem ser vistas interagindo com outras espécies de baleias e cetáceos em áreas de alimentação. Essas interações podem ser competitivas ou cooperativas, dependendo da disponibilidade de alimentos.
Distribuição da baleia-azul (Balaenoptera musculus)
No início do artigo falamos sobre as subespécies da baleia azul e onde cada uma habita, lembra disso? Essa diversidade de locais indica um fator interessante sobre a baleia azul, elas são amplamente distribuídas pelo mundo, praticamente em todos os oceanos, porém, geralmente são encontradas em “regiões pelágicas”, ou seja, áreas do oceano em que a profundidade é significativa, porém, não há contato com o fundo do oceano, normalmente, em torno de 100 metros abaixo da superfície. São encontradas no Hemisfério Norte, Oceanos Índico e Pacífico Sul Ocidental e nas regiões antárticas.
População da baleia azul
Acredita-se que as baleias azuis tenham sido mais abundantes no passado, antes da caça comercial à baleia entrar em vigor. Estima-se que houvesse cerca de 330.000 indivíduos vivendo nos oceanos antárticos no início do século XX. Atualmente, a população mundial de baleias-azuis é estimada em cerca de 10.000 a 25.000 indivíduos.
As ameaças à sobrevivência da baleia azul vêm principalmente das atividades humanas, como a caça comercial, colisões com navios e mudanças climáticas que afetam a disponibilidade de alimentos. Felizmente, as populações de baleias-azuis estão se recuperando lentamente graças aos esforços de conservação e à proibição da caça comercial à baleia em 1986. Mas ainda há muito a ser feito para garantir que essas incríveis criaturas continuem a nadar em nossos oceanos e encantar o mundo com sua grandeza.
Reprodução da baleia azul
A baleia-azul atinge sua maturidade sexual aos 10 anos de idade e as fêmeas produzem apenas um filhote por vez, sua gestação dura de 11 a 12 meses e ocorre apenas a cada 2 ou 3 anos. Devido a isso, ela é considerada um animal de baixa reprodução. Os filhotes nascem imensos, obviamente, do tamanho de um elefante africano, como mencionado anteriormente: medindo de 7 a 8 metros de comprimento e pesando de 2,5 toneladas até 4 toneladas. Sua amamentação dura em torno de 8 meses e esse é o período aproximado que um filhote permanece junto a sua mãe. Após isso, ele já aprendeu a se proteger dos perigos e a se alimentar sozinho, ou seja, já pode seguir o seu caminho pelos oceanos, como animais solitários que são.
Alimentação da baleia azul
A principal fonte de alimentação da baleia-azul é um minúsculo crustáceo chamado Krill, de corpo translúcido e alongado, semelhante a um camarão. A baleia-azul é uma espécie filtradora, o que significa que ela se alimenta filtrando enormes quantidades de água e capturando seu alimento entre as barbas que possuem no lugar dos dentes. A água é expulsa através dessas mesmas barbas, mantendo os krills presos nas mesmas e engolidos após o processo. Acredite: uma única baleia-azul pode ingerir até 40 milhões de krills por dia!
Muitas outras espécies de baleias, não apenas a baleia-azul, a baleia-jubarte e a baleia-franca do sul, se alimentam principalmente de krill, especialmente durante a temporada de alimentação.
Estado de conservação da baleia azul, o maior animal do planeta
A baleia-azul existia em grande quantidade até o início do século XX, quando se iniciou, na década de 30, uma ferrenha perseguição a este animal que resultou na morte de centenas de milhares de indivíduos, segundo especialistas. Por que a baleia azul era tão caçada? Devido ao óleo encontrado em abundância na gordura de seus corpos imensos e que cujo comércio era altamente vantajoso. O óleo da baleia azul, naquela época, era amplamente utilizado para produção de lubrificantes, sabão, velas, assim como combustível para as lamparinas. A indústria baleeira tinha a baleia-azul como seu alvo principal devido à grande procura por essa matéria-prima, sem mencionar a “vantagem” de que, após morta, a baleia-azul flutuava na água, o que facilitava seu transporte e remoção pelos navios. A caça à baleia azul era tão massiva que existiam navios equipados com arpões explosivos e fábricas a bordo para processar e extrair o óleo da baleia azul ainda em alto mar, descartando o restante do corpo do animal no próprio oceano. Essa exploração drástica e sem medidas quase dizimou a população mundial da baleia-azul.
Medidas de proteção para o maior animal do mundo
Somente em 1966, foram tomadas medidas legais para proibir a caça deste animal que, desde então, encontra-se protegido por lei internacional. Tais medidas, porém, infelizmente não foram suficientes para a recuperação de sua população. Você lembra que mais acima, neste artigo, mencionamos que a baleia-azul é considerada um animal com baixa taxa de reprodução? Devido a fatores como apenas um filhote por gestação, tempo de gestação longo e intervalo de tempo entre as gestações também longo, fazem com que a reprodução das baleias-azuis seja considerada lenta. Ou seja, demorarão muitos anos ainda para que sua população se recupere em número.
Atualmente, a baleia-azul está na lista vermelha de espécies ameaçadas, classificada como Em Perigo pela IUCN, União Internacional para Conservação da Natureza, porém, ela é símbolo da luta pela conservação da vida selvagem, existindo cerca de 20 mil representantes da espécie vivos e espalhados pelos oceanos do mundo. Um número baixíssimo comparado ao que existia antes da pesca comercial desenfreada.
Causas do perigo de extinção das baleias azuis
A recuperação da baleia-azul enfrenta outros obstáculos além da pesca que, hoje em dia, é ilegal. Veja alguns dos perigos enfrentados por ela:
• Colisão com navios de grande porte: quando a baleia-azul sobe para respirar, ela pode se chocar contra o casco ou a hélice de navios cargueiros, cruzeiros e outras embarcações grandes.
• Redes de pesca: é normal encontrar baleias-azuis presas em redes de pesca que, originalmente, não eram para elas, mas estavam em seu caminho.
• Perda de habitat devido à poluição química e sonora
• Mudanças climáticas que diminuem os recursos alimentares das baleias azuis
• Pesca excessiva do krill, sua principal fonte de alimento, para fabricação de suplementos nutricionais com Ômega 3.
Curiosidades sobre a baleia azul, o maior animal do mundo
• Não existiu nem mesmo um dinossauro tão pesado quanto a baleia-azul. O patagotitan mayorum é considerado o maior dinossauro que já existiu e, mesmo ele, pesava menos que a baleia-azul. O dino patagotitan pesava, no máximo, 77 toneladas, contra as 200 da baleia-azul.
• Um bebê humano poderia engatinhar por dentro do principal vaso sanguíneo do coração da baleia-azul de tão grande que ele é. Aliás, o seu coração pesa em torno de 180 quilos e mede um metro e meio.
• Um fato interessante sobre a baleia azul e sua alimentação é que, ela sim é imensa, porém, o seu alimento não tem mais de 5 centímetros cada um, os krills, que são pequenos crustáceos. Por ser tão pequeno, as baleias azuis precisam comer milhões deles para completar sua dieta de 3,6 toneladas de alimento diário.
• E por falar em bebês, um filhote de baleia-azul “engorda” 90 quilos por dia e toma mais de 200 litros de leite diariamente.
• Outra curiosidade interessante sobre a baleia azul é que, apesar do seu nome, ela não é azul, propriamente dito. Sua coloração, na realidade, é acinzentada no dorso e amarelada na barriga, devido aos microrganismos que fazem de sua pele o seu habitat. Porém, dentro da água, ela realmente parece azul.
• A baleia-azul possui manchas em sua pele que são diferentes em cada indivíduo da espécie. Em relação à função, são similares às nossas impressões digitais, funcionam como uma identificação de cada animal.
• A baleia azul possui 135 metros de intestino.
• Dois recordes interessantes sobre a baleia azul:
# é o animal com maior diferença de tamanho entre predador e presa: ela com 30 metros e o krill com 5 centímetros.
# é o animal que produz os sons mais altos dos oceanos: seus “cantos” atingem 188 decibéis e podem ser ouvidos a mais de 1km de distância.
Conclusão
Algo positivo que podemos salientar em relação a recuperação da magnífica e fascinante baleia-azul, o maior animal do planeta, é que, mesmo não havendo um progresso significativo de sua população, também não houve retrocesso. Os esforços de conservação e proteção precisam ser contínuos e novas medidas de gestão adequadas precisam ser implementadas, e uma delas é a proteção ao krill, a base de sua cadeia alimentar.
Conhecer para preservar é nosso lema e esperamos que tenha gostado de conhecer um pouco mais sobre este gigante dos mares.
Até a próxima! ♥