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Orca – nem baleia e nem assassina

Muito provavelmente você já ouviu falar em Orca, a baleia assassina, não é mesmo? Dentre tantas notícias falsas que recebemos nos últimos tempos, talvez essa seja a maior fake news da natureza, pois orcas não são baleias e tampouco assassinas.  Vamos conhecer um pouco mais sobre elas? Você vai se surpreender com a verdade sobre esses animais sociáveis e inteligentes.

Orcas se preparando para caçar um cardume de arenques em Andfjorden, na Noruega. Elas usam diferentes vocalizações para se comunicar e coordenar o ataque. – Imagem: National Geographic

Origem do mito “baleias assassinas”

Esse termo se popularizou devido ao filme “Orca, a Baleia Assassina”, da década de 1970.

Porém, pescadores espanhóis do século 18 já a chamavam de assassinas por perceberem esses imensos mamíferos marinhos caçando outras baleias em grupo. Sim, elas podem matar outras baleias para se alimentar, inclusive, baleias bem maiores que elas, como a baleia azul, por exemplo, mas seres humanos estão fora de seu cardápio. Ataques e incidentes com humanos só foram registrados com orcas em cativeiro. 

Em 2019, no sul da Austrália, cerca de vinte orcas perseguiram e mataram uma baleia azul. A título de comparação, uma baleia azul mede cerca de 30 metros e pesa mais de 10 toneladas enquanto uma orca mede no máximo 9 metros e pesa em média 3 toneladas. O segredo do sucesso dessas caçadas é o trabalho em conjunto.

Orcas não são baleias

Apesar de ser conhecida como baleia Orca assassina, elas são, na verdade, da família Delphinidae. Orcas, de nome científico Orcinus orca, são o maior membro da família dos golfinhos. E não é de todo errado chamá-las de baleias uma vez que golfinhos e baleias fazem parte da mesma ordem, a dos cetáceos. Uma das principais diferenças entre as baleias e as orcas é que as orcas, assim como os golfinhos, possuem dentes e baleias não. Você sabia que baleias não possuem dentes? Interessante, né?

Imagem: Meus Animais

Características da Orcinus Orca

É praticamente impossível não reconhecer uma orca. Seu dorso preto e a parte inferior branca a torna inconfundível. Além do mais, cada orca possui manchas brancas na parte de trás da nadadeira dorsal que são exclusivas. Não existem duas orcas com as mesmas manchas, é como uma impressão digital, e em estudos, é usada para identificar os indivíduos. 

Como dito anteriormente, medem em média 9 metros e pesam aproximadamente de 3 a 4 toneladas. Os machos podem chegar a 5,5 toneladas e além de serem maiores em tamanho, sua nadadeira dorsal é curvada e é maior que a das fêmeas, podendo chegar a até 2 metros de altura. 

Orcas adultas não têm predador natural, então, se sobreviverem a etapa juvenil – a taxa de mortalidade entre as orcas de até 6 meses de idade é alta – podem viver de 30 a 60 anos, com algumas conseguindo chegar até aos 90!

Imagem: National Geographic

Comportamento destes magníficos mamíferos marinhos

Talvez você estivesse esperando ler sobre a grande predadora orca, a baleia assassina, mas na verdade chegamos numa parte incrível sobre as orcas: o comportamento social. Elas vivem em grupos que podem chegar a ter até 100 indivíduos, mas normalmente, são avistados grupos de 10 integrantes. Seus vínculos sociais são realmente fortes, estão sempre juntas e só se separam no período de acasalamento. Assim como os elefantes, formam uma sociedade matriarcal, ou seja, são as fêmeas mais velhas que lideram o grupo e transmitem o conhecimento aos mais jovens.

Há diversos relatos de grupos de orcas que migram e um destes grupos fez um percurso de mais de 2 mil quilômetros, indo do Alasca até a Califórnia. Elas podem fazer isso em busca de alimento e também devido a mudanças climáticas. Em 2019, outro grupo viajou da Islândia até a Itália. Segundo a associação Guardiões de Orcas da Islândia, “este é o primeiro registro existente de orcas migrando entre a Islândia e a Itália na história da pesquisa de orcas e, acreditamos, a mais de 5.200 quilômetros é uma das rotas migratórias mais longas já registradas até hoje no mundo”.

A orca J35, carrega seu filhote morto no Noroeste dos Estados Unidos. Especialistas dizem que a baleia está de luto pela morte de seu filhote. – Fonte: National Geographic Brasil
Luto

Jason Colby, historiador da Universidade de Victoria e autor do livro Orca, traz a atenção aos fortes laços familiares e comportamentos sociais complexos das orcas e de sentimentos semelhantes aos dos humanos, como o luto, por exemplo. Em 2018, uma mamãe orca, conhecida por J35 ou Tahlequah, passou 17 dias carregando com a cabeça o corpo de seu filhote morto, por quase 1,6 mil km, ao longo da costa noroeste do Pacífico. Essa triste situação demonstra o quão complexos e sofisticados são os traços emocionais e comportamentos sociais desses animais. 

Acredite: as orcas possuem dialetos distintos para se comunicar, dependendo da região onde vivem. Pode acontecer de uma orca de um determinado território não entender o dialeto de uma orca de outro território. Mas elas são capazes de aprender novos. Fascinante, não é mesmo?  Ouça o áudio abaixo, é fantástico! 🙂

Fonte: WDC, Whale and Dolphin Conservation

Habitat da ‘baleia’ orca

Essa “baleia” pode ser encontrada em praticamente todos os mares do planeta, sendo um dos locais com mais incidência as águas da Antártida. Gostam de águas profundas, mas frequentemente são avistadas em áreas costeiras e na superfície. É o segundo mamífero com maior distribuição no planeta, ficando atrás somente do ser humano.  

Há registros de orcas em águas do Ártico até as águas quentes tropicais, como o Havaí. Além disso, a ‘baleia’ orca pode viver tanto na costa quanto em alto mar. Já foram avistadas na Bahamas e também no Amazonas. Porém, são mais comuns nos oceanos Atlântico e Pacífico.  

Imagem: National Geographic

População mundial da ‘baleia’ orca

Estimar a quantidade de orcas existentes é quase impossível, devido justamente a essa imensa abrangência geográfica. Acredita-se que, atualmente, existam cerca de 50 mil indivíduos, porém, esse número pode ser bem maior. 

Se você estiver em alto mar e ver um grupo de orcas, aproveite a oportunidade para observar essas ‘baleias’ magníficas. Mas lembre-se sempre de manter uma distância segura e não interferir no comportamento natural das baleias. Afinal, é nosso dever proteger e preservar essas criaturas.

Orcas no Brasil?

No Brasil também recebemos visitas desses animais fantásticos. Orcas são avistadas no litoral do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e  até à Paraíba. Em 2022, no Rio de Janeiro, em Arraial do Cabo, um grupo com cerca de 30 orcas maravilhou os moradores da região e turistas. Elas estavam no local se alimentando de um cardume de arraias.

Alimentação da ‘baleia’ orca

As orcas são gigantes mamíferos marinhos e, apesar de fazer parte da família dos golfinhos, como dito anteriormente, ela é conhecida como baleia orca. São um dos maiores animais marinhos, podendo alcançar até 9 metros de comprimento.

As orcas são predadores poderosos que se alimentam principalmente de peixes, baleias, golfinhos, focas, leões marinhos, lulas, aves marinhas e até mesmo tubarões. Essa ‘baleia’ está no topo da cadeia alimentar e pode consumir, em média, 250 quilos de comida diariamente.

Além de sua dieta variada, as orcas também possuem uma estrutura social complexa. Elas vivem em grupos chamados de “pods” e se comunicam através de chamadas vocais distintas. Esses grupos têm laços familiares fortes e trabalham em conjunto para caçar e proteger uns aos outros.

As orcas são encontradas em diferentes regiões dos oceanos, desde as águas tropicais até as regiões polares. Elas são animais altamente adaptáveis e podem viajar longas distâncias em busca de alimento. Apesar de sua reputação como predadores, os ataques a seres humanos são extremamente raros e geralmente ocorrem por motivos desconhecidos.

Em resumo, as orcas são mamíferos marinhos fascinantes e impressionantes. Com seu tamanho imponente, habilidades de caça e estrutura social complexa, elas são verdadeiros predadores dos oceanos.

Orca caçando na beira da praia – Imagem: Igui Ecologia

Reprodução

Não se sabe muito sobre os hábitos reprodutivos das orcas, apenas que se dá através de fecundação interna. As orcas podem se reproduzir dos 10 aos 40 anos de idade, sendo o pico da fertilidade atingido aos 20 anos. A gestação dura entre 11 e 12 meses e somente um filhote é gerado em cada gestação. O filhote de orca já nasce com 2,5m e 200 quilos. Bebezinho grande esse, hein?

As orcas correm risco de extinção?

Como a distribuição geográfica dessa espécie de mamíferos marinhos é incrivelmente extensa, não é possível afirmar que toda população desse majestoso animal esteja correndo perigo ou vulnerável à extinção. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), estes animais constam como #dados deficientes#, o que significa que seu estado de conservação é desconhecido.

Apesar disso, pode-se afirmar que populações de determinadas regiões estão, sim, correndo risco de extinção por causa da falta de alimentos, mudanças no habitat natural (construções de oleodutos, por exemplo) e a poluição do mar. 

Orcas nas águas de Andfjorden, Noruega. – Fonte: National Geographic Espanha

Orcas em cativeiro

As orcas, também conhecidas como baleias assassinas, têm sido alvo de intensa controvérsia quando mantidas em cativeiro. Por décadas, parques marinhos e aquários ao redor do mundo exibiram esses magníficos animais em espetáculos que encantaram multidões. No entanto, ao longo do tempo, surgiram preocupações e críticas crescentes em relação ao bem-estar desses mamíferos marinhos altamente inteligentes e sociais quando confinados em tanques relativamente pequenos.

O confinamento em espaços limitados pode resultar em sérios problemas de saúde física e mental para as orcas. Essas criaturas incrivelmente ágeis e sociais, que normalmente nadam livremente nos vastos oceanos, são forçadas a viver em ambientes restritos, o que pode levar a comportamentos anormais, como nadar em círculos, agressão entre indivíduos e estresse crônico. A separação dos grupos sociais também pode causar desequilíbrio emocional e psicológico nesses animais, que na natureza vivem em unidades familiares altamente coesas e complexas.

A questão ética e moral em torno da captura de orcas na natureza para abastecer parques marinhos e aquários também tem sido alvo de críticas. Muitos argumentam que a prática de retirar esses animais de seu habitat natural para o entretenimento humano não apenas prejudica as orcas individualmente, mas também tem um impacto negativo nas populações selvagens e no equilíbrio dos ecossistemas marinhos.

Embora a conscientização sobre o bem-estar animal tenha aumentado e tenha levado a mudanças significativas em alguns lugares, com parques aquáticos decidindo encerrar os shows com orcas e interromper a reprodução desses animais em cativeiro, a questão ainda é amplamente debatida. Encontrar um equilíbrio entre o entretenimento humano, a pesquisa científica e o respeito ao bem-estar dos animais continua sendo um desafio complexo no contexto das orcas e de outros seres vivos em cativeiro.

Conclusão

Não existe nenhum outro animal na natureza capaz de matar orcas, a não ser nós, seres humanos. Somos as maiores ameaças a essas criaturas magníficas e por isso, conhecer a respeito é tão importante. Antes de comprar um ingresso para uma apresentação de orca no SeaWorld, pesquise sobre a captura e caça desses animais e como isso está contribuindo para a diminuição de sua população. Procure saber também como vivem esses animais em cativeiro e o que aconteceu com o astro do filme Free Willy, Keiko, que acabou morrendo de fome e pneumonia.

A natureza é assombrosamente espetacular e devemos proteger e respeitar todos os seres vivos que fazem parte dela.