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As cobras feministas que não precisam de machos para a reprodução – Partenogênese em cobras

Nas últimas décadas, vários casos de animais que dão à luz ou colocam ovos sem a prática de acasalamento, foram registrados. Os pesquisadores observaram que a partenogênese (a reprodução sem o acasalamento ou assexuada) ocorre em uma grande variedade de animais, incluindo pássaros, tubarões, arraias, lagartos, peixes etc.

Mas esse modo de reprodução em particular é raro entre as cobras. Até agora, a única espécie de cobra documentada que se reproduz sem um macho é a cobra-cega (Indotyphlops braminus) antigamente conhecida como Ramphotyphlops braminus.

Em 1974, o pesquisador McDowell, observou e forneceu provas de que todas as cobras-cegas (Indotyphlops braminus) eram fêmeas. Ele acreditava que as cobras-cegas dessa espécie eram totalmente femininas e que se reproduzem de maneira assexuada. McDowell coletou 114 cobras-cegas e observou que não havia um único macho presente entre elas. 

Mais tarde, em uma pesquisa de 1980, feita pelo pesquisador nomeado Ronald A. Nussbaum, a hipótese dada por McDowell foi observada novamente. O artigo de pesquisa foi publicado em um periódico chamado “Herpetologica, Vol. 36”. O periódico publicou artigos de pesquisas e trabalhos escritos por vários biólogos, conservacionistas, herpetologistas, ecologistas e pesquisadores. A Herpetologia foca em estudos comportamentais, ecológicos, genéticos, morfológicos, fisiológicos e observacionais relacionados à biologia dos répteis e anfíbios. 

O pesquisador Ronald A. Nussbaum, coletou 32 espécimes de cobras-cegas (Indotyphlops braminus). Das 32 cobras:

  • 16 foram coletadas pelo próprio pesquisador
  • 13 foram do Museu de História Natural de Londres
  • 3 foram do Museu Peabody de História Natural

A maioria dos espécimes de cobras cegas para este estudo foram coletados nas Ilhas Seychelles.

O pesquisador observou todas as características das 32 amostras de cobras (tamanho, escamas da cabeça, do corpo, número de vertebras, cor e sexo). Nussbaum descobriu que todas as 32 cobras eram fêmeas. Ele observou o sexo de todas as cobras pela presença de ovários e do oviduto direito. Os dados fornecidos por Ronald A. Nussbaum, concordam plenamente com a ideia de que a cobra-cega é uma espécie partenogenética.

Partenogênese em cobras

Por anos, se acreditou que as cobras-cegas eram as únicas cobras puramente feministas que se reproduziam sem acasalar com machos. Mas recentemente, muitos casos de outras espécies de cobras que também colocam ovos ou dão a luz a filhotes sem acasalar, foram documentados. 

Um artigo de pesquisa, publicado em uma revista científica em 2016, discutiu vários casos de partenogênese em outras espécies de cobras. O artigo de pesquisa foi publicado no “The Biological Journal of the Linnean Society”. O periódico prioriza, principalmente, os estudos de pesquisas relacionados ao processo de evolução orgânica. Todos os artigos de pesquisa e trabalhos da revista científica são estudos observacionais ou teóricos da biologia evolutiva. 

O artigo de pesquisa que explica os vários padrões de partenogênese em cobras foi escrito pelo Dr. Warren Booth (professor de ecologia molecular associado à Universidade de Tulsa, nos Estados Unidos) e Dr. Gordon W. Schuett (um ecologista evolucionário americano do Instituto Copperhead em Spartanburg nos Estados Unidos).

Os doutores Warren Booth e Gordon W. Schuett explicaram dois tipos diferentes de partenogênese em cobras:

  • Partenogênese obrigatória
  • Partenogênese facultativa

No primeiro tipo de partenogênese, as fêmeas se reproduzem assexuadamente. Esse tipo de partenogênese se limita apenas a uma espécie de cobra-cega, Indotyphlops braminus.

Por outro lado, no segundo tipo de partenogênese, as cobras fêmeas se reproduzem sexualmente ou de reprodução assexuada. Esse tipo de reprodução partenogênese foi observado em muitas outras espécies de cobras. Espécies como jiboia (Boa constrictor), jiboia arco-íris da Amazônia (Epicrates cenchria), jiboia arco-íris colombiana (Epicrates maurus), sucuri-verde (Eunectes murinus), espécie de Python brongersmai, uma subespécie de cobra-liga-costeira (Thamnophis elegans vagrans) e muitas outras foram documentadas por se reproduzir sem acasalar com cobras machos.

Ambos os pesquisadores notaram que a partenogênese facultativa (FP – facultative parthenogenesis) é principalmente difundida nas linhagens de cobras Acrochordidae, Boidae, Crotalinae, Pythonidae e Natricinae. Nos primeiros estudos, a partenogênese facultativa em cobras era considerada uma novidade evolutiva. Pesquisadores anteriores acreditavam que a FP apenas acontecia quando as cobras permaneciam em cativeiro por um longo período. Porém mais tarde, até mesmo em ambientes naturais, casos de reprodução partenogenética facultativa em cobras foram observados. 

Os doutores Warren Booth e Gordon W. Schuett abordam cinco características da partenogênese em cobras:

  • Modo partenogenético (obrigatório ou facultativo)
  • Ploidia (número de conjuntos completos de cromossomos)
  • Morfologia dos cromossomos sexuais
  • Modo de paridade
  • Sexo e viabilidade dos neonatos

Os dois pesquisadores descobriram que o modo obrigatório de partenogênese é somente restrito ou limitado às cobras-cegas. Os nascimentos de virgens são apenas possíveis em uma única espécie de cobra-cega (Indotyphlops braminus). Até hoje, a cobra-cega é a única espécie de cobras que não precisam de machos para se reproduzir. 

O Dr. Warren Booth afirmou que “a partenogênese facultativa é uma parte inicial da evolução das cobras”.

Booth e Schuett mencionaram em seu artigo de pesquisa que foi observado que os descendentes produzidos por meio da partenogênese facultativa nasceram com anormalidades. Até agora, não há provas sólidas de que todas as cobras fêmeas se reproduzem com espermatozoides já armazenados, podendo ser ou não o caso em todas as reproduções partenogenéticas facultativas. 

Ambos os pesquisadores resumem a discussão de nascimento virginal ou partenogênese em cobras com uma sugestão de que se faz necessário mais pesquisas sobre a origem e a evolução da partenogênese em diferentes espécies de cobras. Novos pesquisadores podem encontrar mais razões científicas misteriosas para a partenogênese em cobras.